Postado em 4 de abril de 2019
Compartilhe

O mês de abril é dedicado à conscientização pela Doença de Parkinson.

No dia 11 de Abril, mundialmente, são feitas ações para conscientização e esclarecimentos sobre a patologia.

Por esse motivo, nesse mês, faremos um post especial a cada semana, direcionado para a Doença de Parkinson, explicando a atuação da Terapia Ocupacional na patologia.

O primeiro post será sobre Reabilitação Cognitiva.

Há 200 anos, quando a Doença de Parkinson foi descrita pela primeira vez num artigo intitulado “An essay of the shaking Palsy”, James Parkinson relatou que os sentidos e o intelecto dos pacientes encontravam-se ilesos.

Atualmente sabe-se que esta afirmação não é verdadeira, pois distração, desorganização, esquecimento e dificuldades com planejamento afetam os parkinsonianos.

As principais funções cognitivas afetadas na Doença de Parkinson são:

1-Memória. Relembrar informações que já foram aprendidas é uma das principais dificuldades relatadas pelos pacientes com Parkinson;

2-Função executiva, que engloba um grupo de habilidades mentais controladas pelo lobo frontal do cérebro que ajudam as pessoas a executar tarefas de forma planejada e organizada. Essa é uma das principais queixas cognitivas dos parkinsonianos. Podem ter problemas em manter um pensamento, o que leva à dificuldade de seguir orientações simples.

3-A flexibilidade cognitiva, que é a dificuldade de alternar a atenção entre vários estímulos, dificulta o processamento de informações simultâneas. Isso ocorre porque, em situações onde é preciso formular uma série de soluções de problema, assim como quando os sujeitos necessitam deslocar a atenção de uma categoria de informação, ou um tipo de tarefa para outro, é como se eles “congelassem”.

4-Problemas neuropsiquiátricos também podem emergir associados à DP. Marsden (1994) cita as pseudo-alucinações visuais, quando o paciente enxerga animais ou humanos “familiares”. Essas visões podem em parte ser induzidas pela medicação administrada, e reduzindo as drogas dopaminérgicas tendem a desaparecer. Entretanto, conforme o autor, alguns pacientes evoluem para um estado confusional e podem se tornar psicóticos. Nesses casos é necessário rever a medicação.

5-Depressão e ansiedade são freqüentes complicações não-motoras do Parkinson, não apenas durante a fase motora, mas também na que a antecede.

6- Dentre as alterações cognitivas características da DP uma das mais limitantes é a bradifrenia. A bradifrenia é caracterizada como um distúrbio da função intelectual que interfere nos processos de pensamento prejudicando a atenção e a concentração. Dessa maneira, os parkinsonianos apresentam dificuldades com a atenção seletiva e com a transferência de atenção, o que justifica proporcionar facilitação cognitiva para esses indivíduos.

Para melhorar desses sintomas procure se manter ativo, realizando as atividades que gosta e que lhe proporcionam bem-estar, desde que em segurança. Leitura, música, palavras-cruzadas, são boas opções. Manter hobbies e antigos hábitos saudáveis de vida é fundamental. Vá passear, ao cinema (depois conte a alguém o que assistiu), faça um diário (isso ajuda também na micrografia, outro sintoma da doença), dance, faça pintura, crochê, artesanato, pescaria, cultive uma horta e pratique alguma atividade física. Independente da escolha, o importante é ser feliz.

Atenção, se estes sintomas começarem a impactar na sua qualidade de vida e autonomia procure um Terapeuta Ocupacional para reabilitação cognitiva.

O Terapeuta irá avaliar a capacidade cognitiva do paciente, definir os objetivos do tratamento e realizar estímulos conforme cada necessidade individual. O tratamento se dá através de treinamento das funções mentais, direcionado conforme a necessidade de cada paciente. É possível usar jogos, desafios, escrita, leitura, cálculos, exercícios de lógica, como recurso terapêutico.

Além da reabilitação cognitiva é preciso orientar familiares e cuidadores para promoverem facilitação cognitiva no ambiente doméstico.

Por fim, o terapeuta pode sugerir adaptações para facilitar o cotidiano e diminuir as confusões e o impacto que os esquecimentos causam. Quanto antes iniciar o tratamento, menores as perdas cognitivas e melhores serão os resultados!

 

Facebook Comments