Postado em 20 de março de 2018
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Usamos as mãos para praticamente todas as atividades de vida diária. É por isso que, em casos de distúrbios de movimento, como na Doença de Parkinson, uma das principais queixas dos pacientes é a limitação da função manual.

Dando sequencia aos posts de dicas para melhorar o desempenho ocupacional, hoje vou falar da rigidez nas mãos. Afinal o que é indicado e o que não se deve fazer para melhorar esse sintoma?

1-Não apertar bolinhas! As “bolinhas”ficaram famosas nos tratamentos de reabilitação, mas para quem tem Parkinson elas não são tão bem vindas.
Por mais que você relate sentir “falta de força”, é muito provável que isso que você sinta seja uma dificuldade em disparar o comando motor e fazer a contração muscular adequados. É sabido que há perda de massa muscular ao longo dos anos, mas parkinsoniano, teu músculo não está necessariamente fraco. A degeneração da dopamina traz uma dificuldade de comunicação e execução de atos motores. Meus pacientes me ouvem explicar que esta é uma dificuldade em escalonar a força que se deseja aplicar. Apertar uma bolinha ou outra forma de resistência, repetidas vezes, com o objetivo de melhorar a força, pode trazer como consequência o aumento da rigidez. É isso mesmo: você acha que irá melhorar a função manual com esse movimento, mas tem o efeito contrário: sente as mãos mais rígidas e ‘duras’. Não faça exercícios de função manual sozinho, procure um Terapeuta Ocupacional para orientá-lo.

2-Use as bolinhas para fazer movimentos de rolar e girar.
Apoie a mão sobre a bolinha e movimente para frente e para trás, cerca de 10x com cada mão, alongando cotovelos, punhos e palma das mãos. Em seguida, ainda com a mão sobre a bolinha, movimente o punho no sentido horário e anti-horário (nesse segundo exercício cuidado para não sobrepor o movimento do ombro sobre o dos punhos). Use o controle visual para realizar o movimento, especialmente no hemicorpo mais comprometido pelo Parkinson. Pode ser que teu punho esteja rígido e não execute o movimento de rotação adequadamente. Existem técnicas adequadas para melhorar isso! Treinar sem fadigar e sob orientação profissional, é uma delas.

3-Alongar as mãos e dedos.
Abra a palma da mão, segure a ponta dos dedos com a mão oposta e estenda o cotovelo. Segure 30 segundos e realize com o outro braço. Cuidado com movimentos bruscos. Eles podem causar até luxações! Recomendo que meus pacientes realizem este alongamento diariamente.

4-Faça massagens na palma e dorso da mão. Prefira temperatura amena à quente. A auto-massagem e o calor promovem relaxamento muscular e estimulam os receptores táteis.
Fissuras e ressecamentos podem acontecer. Mantenha as mãos sempre limpas, hidratadas e secas. A umidade é um convite pra bactérias.

5-Novamente, como não poderia deixar de ser, citarei novamente o controle emocional: o estado emocional está diretamente relacionado com a exacerbação de sintomas no Parkinson. Você já deve ter percebido que quando está mais nervoso ou agitado treme mais e fica mais rígido. Não se cobre tanto, procure diminuir a tensão e a ansiedade, se conseguir fazê-lo sem usar mais uma medicação, excelente! Práticas integrativas como acupuntura e florais têm trazido bons resultados nos meus pacientes, atividade física, meditação, atividades culturais, sono e alimentação adequados, intestino regulado e vida social satisfatória contribuem muito para esse aspecto.

6-Mantenha-se ativo! Não deixe de fazer o que gosta porque agora demora mais. Esse recado vale também para os familiares que querem fazer tudo pelo paciente. Seja crochê, pintura, consertos domésticos, culinária ou outra atividade, se for significativo e estimulante para o parkinsoniano, acaba sendo uma ótima maneira de treinar a habilidade manual no dia a dia. O paciente se exercita e não percebe, pois acaba sendo prazeroso. Mas atenção! Sempre realize suas atividades em segurança. Evite subir em escadas, utilizar materiais cortantes nos períodos off ou de maior exacerbação de sintomas, evite sair sozinho caso não esteja se sentindo muito bem. Caso sinta dor ou desconforto no desempenho ocupacional do dia a dia procure um Terapeuta Ocupacional e solicite uma análise de atividade, prática exclusiva da profissão. O TO pode sugerir adaptações para facilitar a realização da atividade ou órteses para alongamentos contínuos. Assim, só fica parado quem quiser!

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Drª Andressa Chodur crefito 8956

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