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COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA Nem só de voz se faz uma boa conversa

O ser humano é comunicativo desde sempre. Por volta do primeiro ano de idade, já pronuncia as primeiras palavras. Antes de falar, apontava o que queria, procurava com o olhar, balbuciava ou chorava para chamar a atenção. Ou seja, mesmo antes de desenvolver a habilidade de verbalizar, o ser humano já se comunica.


Agora, imagine que, por motivo de doença ou acidente, você não consiga mais falar para pedir um copo d’água ou avisar que está com dor. Angustiante, não? Essas alterações são mais comuns do que se imagina e podem ser temporárias, como após uma traqueostomia ou quando um paciente com Parkinson tem sua rigidez exacerbada, mas também podem ser permanentes. Em ambas as situações, é importante desenvolver uma estratégia alternativa de comunicação para o idoso que não consegue falar. Existem estratégias simples, porém eficazes, para proporcionar essa comunicação. Para que funcionem, devem ser treinadas e desenvolvidas adequadamente. Já adianto: é necessário ter paciência e empatia. Coloque-se no lugar do outro, não apresse nem tente adivinhar o que o idoso está querendo dizer. Isso pode gerar irritação, desânimo e ansiedade.


Normalmente, a primeira tentativa é a escrita, o que é muito válido, principalmente nos casos temporários. Para pacientes internados, orienta-se a utilização de pranchetas e canetas de calibre mais grosso, para facilitar a preensão. A caneta deve deslizar bem, mesmo contra a gravidade, para prevenir fadiga.


Outro recurso barato e efetivo é utilizar uma folha de papel com o alfabeto e numerais impressos, em letras grandes e espaçadas. O paciente pode apontar letra a letra e formar palavras para se expressar.


A comunicação por meio de gestos e mímicas também funciona quando o paciente não tem dificuldade de movimentação.


Uma alternativa mais moderna são os aplicativos para celular. O paciente escreve o que quer dizer ou forma frases com imagens disponíveis, e o aplicativo lê em voz alta. Funciona muito bem e é mais rápido que escrever com caneta.


E se o paciente não for alfabetizado, não tiver celular e estiver com movimentos comprometidos após um acidente, por exemplo? A criatividade e resolutividade do terapeuta são fundamentais!

Uma possibilidade é a comunicação através de ícones, que são selecionados pelo paciente com a ajuda de um familiar. O treinamento é feito com o terapeuta. Apesar de ser uma adaptação simples e fácil de ser confeccionada, não deve ser feita sem indicação adequada, pois pode gerar frustração ou ansiedade, levando o paciente a perder a adesão ao tratamento.


É importante destacar a necessidade de uma avaliação global prévia, realizada em casa ou no hospital, por um profissional capacitado. Somente a partir dessa avaliação é possível definir a conduta terapêutica adequada.





Para quem tiver interesse no assunto, recomendo assistir ao filme O Escafandro e a Borboleta, que conta a história de Jean-Dominique Bauby. Ele sofre um AVC de tronco, que é devastador e o deixa paralisado e completamente dependente, com apenas o movimento do olho esquerdo. Isso se chama "Síndrome do Encarceramento". Após o trágico diagnóstico, Jean reaprende a se comunicar com o que lhe restou de função: seu olho esquerdo. Com ajuda profissional, treino e estímulo, Jean escreve um livro de memórias. Incrível!

 
 
 

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