Postado em 19 de maio de 2019
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A busca por prazer

Como explicado no capitulo anterior a Dopamina exerce um papel muito importante na regulação dos estados de humor do paciente. É fácil deduzir que as baixas concentrações de Dopamina poderão produzir baixa autoestima, estados depressivos e sentimentos negativos. Nosso sistema nervoso é dotado de alguns recursos naturais que funcionam como uma espécie de “alarme” diante de situações que colocam em risco o corpo como um todo. Exemplificando melhor, diante de um perigo iminente acontece uma descarga de Adrenalina. Essa descarga é acompanhada de alguns avisos físicos, que poderão ser sudorese, sensação de arrepios na pele do couro cabeludo ou na pele sobre a coluna vertebral.

Quando o cérebro detecta o estado depressivo, ou de falta de prazer, inicia-se um processo auto defensivo, para tentar por meios próprios corrigir essas sensações, o que vamos chamar de Auto Recompensa.

A Auto Recompensa atua exatamente na busca de alguma coisa ou situação que reduza a sensação de falta de Dopamina, ou seja, busca uma compensação para a tristeza ou para o desânimo. Poderá vir acompanhada de um ato, ou alguma atitude que alivie o estresse momentâneo causado pela situação. Uma verdadeira caça ao prazer perdido.

Levei algum tempo para entender porque sempre que eu saia de casa para fazer alguma tarefa que não considerava agradável, do tipo ir ao banco, precisava comprar alguma coisa para mim. Fosse o que fosse, um chocolate, um doce de leite ou mesmo tomar um refrigerante. Achei que fosse um comportamento compulsivo, proveniente de efeitos colaterais de medicamentos, mas hoje sei que era o meu sistema de Auto Recompensa agindo para aliviar o “estresse” de “ter” que ir ao banco. Quando compreendi isso, passei a me sentir menos culpa.

Com um pequeno exercício de reflexão, tomando os exemplos que estou citando e adicionando os possíveis efeitos colaterais já descritos no capítulo anterior, é fácil compreender porque alguns de nós somos pessoas difíceis de interagir no dia a dia.

Se formos um pouco adiante com esse exercício de imaginação e colocarmos uma situação de compulsividade efetiva pela frente, por exemplo, por sexo, ou gastos em excesso, fica bem caracterizado o tamanho do problema.

Mas não pense que para por ai. Pode existir nesse quadro, a percepção de que se está agindo errado, e mesmo assim sentir-se incapaz de controlar esses impulsos, ou o que é pior, a auto justificação, que é outro complicador. Algo assim como “faço isso assim porque preciso e se preciso é necessidade, então não estou errado”.

Isso gera culpa. Que se torna um conflito interior.

No próximo capitulo iremos ver como quem está a nossa volta pode ver isso tudo.”

Roberto Coelho (Portador da DP há 50 anos)

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